O engano do ego digital
Grandes filósofos sempre se debruçaram sobre o controverso dilema do tempo.
Saber usá-lo, afinal, é, e sempre será, uma prova de sabedoria.
Eis que chegamos à era da atenção fracionada, da economia do tempo e da arte de ser e de parecer produtivo.
Eis o tempo das infindáveis performances e das demandas em looping.
Vivemos obcecados em administrar minutos, como se fossem moedas raras, mas quase nunca nos perguntamos para quê ou para quem o fazemos.
Será o tempo igual para todos?
Estará ele, de fato, passando mais rápido ou somos nós que o empobrecemos ao medi-lo em agendas e métricas de eficiência?
Na economia da atenção, gerir o tempo virou fetiche.
Virou hype.
E quanto mais se fala em gestão, menos se vive o próprio tempo.
Como escreveu Sêneca, em Da Brevidade da Vida:
“Não é que tenhamos pouco tempo, mas sim que desperdiçamos grande parte dele. A vida é suficientemente longa, e foi concedido tempo generoso para a realização das mais altas coisas — se o utilizarmos bem. Mas quando o dissipamos em prazeres fúteis e em ocupações inúteis, e nada de valor fazemos, então, forçados pela última necessidade, percebemos que a vida passou sem que tenhamos realmente vivido.”
Chego aqui no cerne da minha relação com o tempo: o que fazemos de valor com nosso tempo? É o uso dele que mede o nosso valor? É o valor do tempo que baliza o nosso próprio valor?
Não. Ou não deveria.
Vivemos cercados por pessoas de todos os........
© Brasil 247
