O 'novo sionismo violento' de Israel como prenúncio da geopolítica imperial de submissão e obediência
Publicado originalmente por Strategic Culture em 1º de setembro de 2025
A estratégia de Israel das últimas décadas continua a assentar-se na esperança de alcançar uma literal transformação quimérica ‘desradicalizadora’ tanto dos palestinianos como da região, em larga escala – uma desradicalização que tornará ‘Israel seguro’. Este tem sido o objetivo do ‘santo graal’ para os sionistas desde a fundação de Israel. A palavra de código para esta quimera hoje são os ‘Acordos de Abraão’.
Ron Dermer, Ministro dos Assuntos Estratégicos de Netanyahu, ex-embaixador israelense em Washington e principal ‘sussurrador’ de Trump – escreve Anna Barsky no Ma’ariv (hebraico) a 24 de agosto – “vê a realidade com olhos políticos frios. Ele está convencido de que um acordo real [sobre Gaza] nunca será concluído com o Hamas, mas [apenas] com os Estados Unidos. O que é necessário, diz Dermer, é a adoção pelos estadunidenses dos princípios de Israel: os mesmos cinco pontos que o Gabinete aprovou: desarmamento do Hamas, retorno de todos os reféns, desmilitarização completa de Gaza, controle de segurança israelense na Faixa – e um governo civil alternativo que não seja o Hamas e não seja a Autoridade Palestiniana”.
Na perspetiva de Dermer, um acordo parcial de libertação de reféns – que o Hamas aceitou – seria um desastre político. Por outro lado, se Washington endossasse o resultado de Dermer – como um ‘plano estadunidense’ – Barsky infere que Dermer sugere: “teríamos uma situação em que todos se beneficiam”. Além disso, na lógica de Dermer, “a mera abertura de um acordo parcial dá ao Hamas uma janela de dois a três meses, durante a qual pode fortalecer-se e até tentar obter um ‘cenário final’ diferente daquele dos estadunidenses – um que lhe convenha [ao Hamas] melhor”. “Este, de acordo com Dermer, é um cenário verdadeiramente perigoso”, escreve Barsky.
Dermer insiste há anos que Israel não pode ter paz sem a prévia ‘desradicalização transformadora’ de todos os palestinianos. “Se o fizermos corretamente”, diz Ron Dermer, “isso tornará Israel mais forte – e os EUA também!”
Alguns anos antes, quando perguntaram a Dermer qual era a solução para o conflito palestino, ele respondeu que tanto a Cisjordânia como Gaza devem ser totalmente desarmadas. No entanto, mais importante do que o desarmamento, era a absoluta necessidade de que todos os palestinianos devem ser mutacionalmente “desradicalizados”.
Quando solicitado a elaborar, Dermer apontou com aprovação para o resultado da 2ª Guerra Mundial: Os alemães foram derrotados, mas mais significativamente, os japoneses tinham sido totalmente ‘desradicalizados’ e tornados dóceis até ao final da guerra:
“O Japão teve forças dos EUA durante 75 anos. A Alemanha — forças dos EUA durante 75 anos. E se alguém pensa que isso foi por acordo no início, está a enganar-se a si mesmo. Foi imposto, então eles entenderam que era bom para eles. E com o tempo houve um interesse mútuo em mantê-lo”.
Trump está ciente da tese de Dermer, mas aparentemente é Netanyahu quem instintivamente vacila, escreve........
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