Diga não ao escritor
Uma atriz me encontra num casamento e me pergunta se por acaso tenho guardada no computador alguma ideia de filme que encaixe em seu perfil de trabalho (que ela autodefine como "cinema cabeça com público"). Respondo que sim (tenho 358 sinopses e 428 projetos sobre temas variados e para públicos diversos porque me recuso a tratar minha ciclotimia e ainda espero ser financeiramente valorizada por não conseguir parar jamais). Chego em casa de madrugada e mando o texto para a atriz. Ela rebate com corações, foguinhos e estrelinhas: "Legal, te respondo até sexta!". Passou um ano e nada.
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Eis que semana passada eu a encontro no shopping. Ela me vê, faz aquela cara de quem acaba de ser pega por desviar dinheiro da Unicef (pra quê? Tá tudo bem, era só um roteiro meio ruim) e lança seu corpo escada rolante abaixo. Não me refiro a uma queda, com ossos quebrados. Ela é atriz de teatro e tem domínio sobre o corpo. Desaparece completamente. Eu dou risada e entro na farmácia para comprar minha milagrosa injeção monoclonal contra enxaqueca já sabendo que vou comprar a loja inteira (não aguento aquela quantidade indecente de aguinhas boricadas, creminhos mentirosos, vitaminas que não prestam para nada e pastilhas de antiácido........
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