Militar na Política
Desengane-se o leitor se pensa que este artigo versa sobre eleições presidenciais. Venho falar de política e de como esta está desligada dos cidadãos, e, por uma vez, a culpa não é dos políticos, mas sim dos cidadãos. Ia utilizar a palavra eleitores, mas verdadeiramente os cidadãos eleitores são uma minoria, e por isso me refiro a cidadãos.
Os regimes democráticos enfrentam colossais desafios, e a sua regeneração depende da determinação popular e individual. Apesar de termos dezenas de partidos políticos e quase uma dezena representada na Assembleia da República, uma grande parte da população não se sente representada. Não vale a pena ter mais partidos, pois o povo começa a perceber que todos têm uma distribuição semelhante de pessoas bem e mal-intencionadas, capacitadas e incapacitadas. Os piores tendem a ser aqueles que estão mais tempo no poder, atraindo oportunistas, e partidos novos que crescem rapidamente sem quadros de qualidade. Problemas existem em todos os partidos, sem exceção, são inerentes à condição humana. Não vale a pena ter visões idílicas de partidos ideologicamente puros e protagonistas inocentes e altruístas. Não há, nunca houve, e provavelmente nunca haverá.
A ideia de partidos com pessoas virtuosas e impolutas é uma conversa pueril. A regeneração da classe política requer um somatório virtuoso de decisões individuais de envolvimento na política. A boa notícia é que é possível mudar e fazer diferente.
Hoje, o número de filiados nos dois principais partidos nacionais – PSD e PS – cifra-se na ordem de poucos milhares de pessoas. Na eleição interna do PSD de 2022, Luís Montenegro........
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