Ninguém gosta dos gajos da burqa
Na semana passada, o parlamento aprovou a chamada lei da burqa. Na mesma semana, após constantes negações por parte do Presidente da República e de outros governantes, soubemos que Portugal acolheu oficialmente cerca de 1.5 milhões de imigrantes nos últimos sete anos. Estes dois acontecimentos estão intimamente ligados.
Ouvi diversas reacções políticas — com as quais, de resto, concordo — que minimizam a importância da lei da burqa, argumentando que esta regula algo sem aplicação prática. Ou seja, em Portugal, o uso da burqa será tão residual que nem justificaria uma iniciativa legislativa. Porém, como o debate europeu demonstrou ao longo das últimas duas décadas, esta questão é extraordinariamente complexa e exige prudência. Este debate é apenas a ponta do iceberg de uma clivagem maior sobre a imigração. Há apenas uma certeza: houve na Europa, e mais recentemente em Portugal, um afluxo de imigrantes que transformou as sociedades e ameaça corroer o seu tecido social. Fingir que nada aconteceu e que o multiculturalismo, seja qual for a sua declinação, continua a funcionar, não é uma solução.
Os choques exógenos provocados pela chegada de uma multidão de imigrantes geraram ansiedades diversas e dilemas na sociedade portuguesa. Em primeiro lugar, existe uma distância cultural inequívoca, com diferentes normas sociais no que respeita a práticas religiosas ou a questões de igualdade de género, para referir apenas as mais óbvias. Acresce que, se o........





















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