O regresso da “maioria de Esquerda” à Direita
Certas tolices nunca morrem. Quando, na noite das eleições de 18 de maio, André Ventura afirmou que “o Governo de Portugal depende do Chega e só do Chega”, cometeu o mesmo erro lógico de Álvaro Cunhal a 25 de abril de 1975, falando de “maioria de Esquerda” após as primeiras eleições constitucionais. Passados 50 anos, o paralogismo continua evidente: um partido antissistema não pode querer fazer parte do sistema. Os eleitores do Chega, como então os do PCP, são contra o Governo, qualquer que ele seja. Nunca aceitarão ver o seu partido apoiar uma solução alheia de poder.
O puro “voto de protesto”, de quem não gosta do que está e não se interessa em propor alternativas, sobe naturalmente em períodos de crise e transformação, como o atual. Esta atitude eminentemente negativa, por muito irresponsável que seja (afinal todos temos de continuar a viver no tal regime odiado), nunca deve ser interpretada como positiva. Quem vota nos partidos antissistema não os quer ver a tratar dos problemas, porque tal os tornaria tão abomináveis quanto o abominado........
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