Infelizmente, a esquerda portuguesa mais moderada tem cometido os mesmos erros que as esquerdas no restante mundo ocidental. Refiro-me à esquerda moderada, pois da esquerda radical e da extrema-esquerda nada há a esperar. Assim, a deputada europeia Ana Catarina Mendes optou por seguir o caminho da radicalização no que toca à imigração, defendendo que os imigrantes não necessitam de se assimilar – ou seja, devem preservar integralmente a sua cultura de origem – apenas respeitar as leis do país (e claro, pagar impostos). Enfim… Há tanto a dizer que nem sei por onde começar. A mesma litania esquerdista, herdeira da ideologia multiculturalista dos anos 80, desde o touche pas à mon pote do SOS Racisme em França, ao relativismo cultural extremo dos suecos, terminando no multiculturalismo “a todo o custo” dos britânicos. Onde esteve a senhora deputada Ana Catarina Mendes nos últimos 40 anos? Os problemas decorrentes do crescimento de diversas comunidades imigrantes um pouco por toda a Europa Ocidental parecem ter-lhe passado ao lado. A assimilação à la française e a integração multiculturalista britânica falharam, mas parte dos membros do PS continuam a fechar os olhos. Acreditar que as mesmas causas não gerarão as mesmas consequências é de uma ingenuidade sem nome. Se pudesse intervir num congresso do PS, provavelmente diria apenas isto: Errare humanum est, perseverare diabolicum est.

A senhora Ana Catarina Mendes faz parte desta esquerda que se recusa a admitir que os nativos europeus possuem culturas nacionais. Aliás, ela própria parece ignorar a existência de uma cultura portuguesa. Não consigo compreender a lógica da deputada… Como é possível que, após séculos de história, Portugal não tenha uma cultura? Os nossos mosteiros, igrejas, catedrais, palácios e inúmeros tesouros arquitectónicos foram construídos por quem? Pelos chineses? E o fado? Será uma música peruana? E a nossa literatura? Que eu saiba, Os Lusíadas não foram escritos por um turco. E os ranchos folclóricos portugueses? São danças tibetanas? E o bordado de Castelo Branco? Terá sido inventado por mulheres vietnamitas? Contudo, seguindo a lógica de uma certa esquerda, se Portugal não tem uma cultura, coloco outra questão: a que é que os imigrantes devem assimilar-se? Se não existe cultura portuguesa, como podemos sequer falar em integração? Integrar-se em quê, se,........

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