O fracasso do centro e o apelo do Chega
Como tenho vindo a salientar, o fracasso do centro em responder eficazmente aos problemas e anseios do eleitorado é a principal causa do crescimento da direita radical e do nacional-populismo.
Uma vez mais, os dados da sondagem da Universidade Católica para a RTP vêm corroborar esta hipótese indicando que a principal fonte do crescimento dos votos no Chega veio da abstenção. É igualmente significativo que tenha havido transferências de voto significativas tanto da AD como do PS directamente para o Chega: os dados da sondagem da Católica indicam que 10% dos eleitores que votaram no Chega em 2025 tinham votado na AD em 2024, e que 7% dos que preferiram o Chega tinham votado antes no PS, o que são valores muito significativos e que deveriam merecer maior reflexão e análise.
A sondagem da Católica aponta também que o Chega foi a maior força política na população entre os 25 e os 44 anos, ficando na segunda posição nos segmentos etários entre os 25 e os 34 e entre os 45 e os 54 anos. Dados que revelam que o partido liderado por André Ventura encontra acolhimento particularmente forte entre a população activa. O Chega continua a ter um eleitorado predominantemente masculino mas cresceu de forma mais acentuada entre as mulheres do que os homens e é de realçar também que cresceu em todos os escalões etários, apesar de continuar a enfrentar maior resistência entre os mais idosos. Importa aliás tomar consciência de que se não fosse a (expectável) maior resistência a votar em novos partidos por parte das pessoas com mais de 65 anos, o Chega teria disputado nas legislativas de 2025 não a segunda mas a primeira posição.
Os sinais de inversão do rumo em matéria de política de imigração por parte do governo AD demonstram alguma tomada de........
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