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AD sozinha não reforma

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08.05.2025

Sem grande surpresa, à medida que as eleições se aproximam, Pedro Nuno Santos vai tornando cada vez mais evidente que é um erro de casting na liderança do PS. Apesar dos esforços da equipa de marketing da campanha socialista para uma reconversão de última hora de Pedro Nuno Santos num moderado de centro-esquerda, a verdade é que o actual líder do PS actuou (e actua) vezes demais como se fosse líder do Bloco de Esquerda. De facto, o grande – e provavelmente inultrapassável – problema do PS nestas eleições é ter um líder que, tal como Mariana Mortágua, é mais discípulo ideológico de Francisco Louçã do que de Mário Soares. E ainda por cima num momento em que a decrepitude do Bloco de Esquerda é evidente para todos (será aliás interessante verificar o resultado que o próprio Louçã conseguirá em Braga).

A notória ineptitude de Pedro Nuno Santos, juntamente com a viragem sociológica do país à direita nos últimos anos, abrem caminho à AD, não obstante a fragilização de Montenegro e sua má gestão do caso que o envolveu. Mas a provável repetição da vitória da AD, ainda que possa ser claramente preferível a um PS radicalizado à esquerda, não constituirá, por si só, factor de esperança se a receita seguida na governação for a mesma do último ano. Sendo certo que recebeu um país em mau estado em muitas áreas cruciais, não é menos verdade que a AD demonstrou neste ano de governação uma notória falta de ímpeto reformista.

No último ano, o governo AD dedicou-se essencialmente a gerir a situação e a tentar conter e contrariar o crescimento do Chega que o PSD percepciona – e bem – como a sua principal ameaça existencial. Não foi uma governação catastrófica mas foi claramente pouco e insuficiente para reverter a situação de declínio nacional. A ausência de iniciativas de reforma estrutural foi compensada pela........

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