Darcy faria falta em qualquer época; nesta, faz falta dobrada
Convivi longos anos no Senado Federal com Darcy Ribeiro, à época em que era senador da República. Sempre muito culto, apaixonado pelas próprias ideias e atento às dos outros, espontâneo ao emitir opiniões, passional quando ouvia o Hino Nacional ou, no exterior, via a bandeira brasileira. Era desses homens que não cabem em um só ofício: antropólogo, educador, romancista, político. Darcy não se limitava a observar o Brasil; buscava reinventá-lo. Hoje, quando a mediocridade ocupa cadeiras de poder e a intolerância corrói a vida pública, a falta que ele nos faz é a falta de projeto, de grandeza, de coragem.
Darcy tinha uma visão orgânica da nação. Não via os brasileiros como somatória de indivíduos dispersos, mas como povo em construção, obra inconclusa. Daí sua obsessão por educação, pela escola........
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