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Dia de Finados

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Querida avó,

Para mim, o Dia de Finados, que é celebrado este fim de semana, não tem significado nenhum. No entanto, para muitos, tem um significado muito profundo.

Os meus avós, viviam estes dias com uma solenidade que hoje quase se perdeu. Lembro-me que se preparavam com antecedência, limpavam as campas, enfeitavam-nas com flores frescas – quase sempre crisântemos, porque eram as flores “do respeito” – e, no próprio dia, toda a aldeia parecia mover-se em silêncio, num mesmo compasso de saudade.

Antigamente, o luto era um ritual que se carregava no corpo e na alma. As viúvas vestiam preto durante anos. Muitas ficavam de lenço e meias pretas por toda a vida, fosse verão ou inverno, imagina. Hoje, o luto tornou-se mais discreto, mais interior; já não se usa tanto a roupa escura nem as longas cerimónias, mas a dor continua lá – talvez apenas mais escondida.

Já não existem carpideiras. Mas continuamos a chorar, diante de uma fotografia ou de uma lembrança.........

© Jornal SOL