‘A veneração do imperfeito’
«Pegue nisto», dizia-me um amigo, enquanto me convidava a segurar uma taça de chá japonesa (de preferência com as duas mãos). «Já viu a leveza? Não dá para acreditar, pois não? Uma particularidade extraordinária da cultura japonesa é que não há nada que pese. Nem as casas».
Lembrei-me destas palavras ao olhar para uma fotografia a preto e branco do Salão da Fénix, no templo budista de Byōdō-in, em Quioto. Aquelas cornijas subtilmente levantadas conferem ao edifício uma enorme sensação de leveza. Aliás, a combinação de linhas verticais, horizontais e curvas tem qualquer coisa da ligeireza da arte da caligrafia.
Joan Stanley-Baker exprimiu isso melhor que ninguém no seu livro Japanese Art (Arte Japonesa): «O ângulo erguido dos........
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