A 12 de outubro, Portugal volta às urnas. Elegem-se autarcas, mas o que se decide é mais vasto do que a simples composição das câmaras e juntas. Estas eleições são um retrato do país político, das suas forças e fragilidades, dos equilíbrios que se mantêm e dos que começam a ceder. Não se trata apenas de escolher quem gere o território. Trata-se de perceber se o regime ainda tem a capacidade de se adaptar, de gerar confiança e de renovar a sua legitimidade. Ao longo dos últimos anos, a distância entre as estruturas partidárias e o país real aumentou. A política portuguesa vive mais da sua própria sobrevivência do que do confronto com a realidade.

Os partidos tradicionais estão presos num ciclo de gestão de curto prazo, concentrados em preservar o que têm e incapazes de pensar o que vem a seguir. Esse desfasamento tem........

© Jornal SOL