Questão de prestígio
Meu primeiro cigarro não teve fumaça, nicotina ou alcatrão.
Não traguei, não tossi, não apaguei a guimba em cinzeiro ou sola de sapato.
Meu primeiro cigarro não era de fumar, era de comer. Castanho, doce, macio. Cigarrinhos de chocolate ao leite, que imitavam o formato dos cigarros de verdade e vinham em caixinhas vermelhas da marca PAN.
Minha avó Lili presenteava a mim e a meus dois irmãos com as doces caixinhas. Certa vez, um de meus manos perguntou: “vó, não faz mal?” e Lili repetiu um provérbio, que naqueles anos 1970 tinha a popularidade de um Chicabon ou a bossa de um Ovomaltine: “o que não mata engorda, menino”.
Lili seguia o senso comum, que associava engordar a algo saudável. Talvez, porque uma das consequências da tuberculose, quase uma pena de morte em........
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