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Bolsonaro: o último ato de indignidade

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A prisão de Jair Bolsonaro, após o rompimento de sua tornozeleira eletrônica, não surpreende ninguém que tenha acompanhado sua trajetória pública. Se há algo de coerente em sua biografia política, é justamente essa vocação compulsiva para a indignidade. Romper a tornozeleira — gesto típico de quem tenta fugir da própria sombra — não é apenas uma violação judicial; é a metáfora final de uma vida dedicada a escapar: escapar da verdade, da razão, do decoro, da lei, do senso mínimo de dignidade que se espera de qualquer figura pública.

No instante em que decidiu serrar ou romper o dispositivo que monitorava sua pena, Bolsonaro não apenas se comportou como um réu desesperado; comportou-se exatamente como aquilo que foi durante toda a vida: alguém incapaz de um ato minimamente grandioso. E aqui reside a ironia suprema. Ele, que sempre vendeu a imagem de “herói perseguido”, de “mito injustiçado”, de personagem épico enfrentando o sistema, teve enfim a chance de encarnar a própria ficção que tanto lucrou politicamente. Poderia ter caminhado, altivo, para o cumprimento........

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