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O jantar errado

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07.08.2024

Dei comigo a pensar na expressão “Há governo? Sou contra!” atribuída a um anarquista mexicano, mas muito corrente durante a nossa I República, e que parece ter fartos seguidores entre nós, a propósito do que li nas redes sociais sobre uma cena da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Que necessidade é esta de uma pessoa ter que se afirmar sempre contra alguém ou alguma coisa?

De todos quantos criticaram a suposta paródia à Última Ceia, apenas a Conferência dos Bispos de França (católica) se lembrou de afirmar que, apesar de tudo, a cerimónia ofereceu “momentos maravilhosos de beleza e alegria”. Todos os outros críticos nem sequer tiveram uma palavra para as cerca de quatro horas de cerimónia, – incluindo a fantástica performance da reaparecida Celine Dion, na superação duma doença complicada – focando atenção (e indignação) apenas na dita cena.

Honestamente achei o quadro da polémica de muito mau gosto e compreendo o desagrado de sectores cristãos, mas achei ainda muito pior algumas reacções. De facto, o cerne da questão está aqui: aquilo era mesmo uma paródia à Última Ceia ou não? Parece que não. E no entanto ouviram-se as maiores vociferações como se tivesse sido.

Os criadores do espectáculo desmentiram que a intenção fosse replicar a obra de Da Vinci. Pelo contrário, pretendeu-se representar um festival pagão com os deuses........

© Visão


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