Sociedade do sigilo e a terra dos ninguém
Escritor, jornalista e sociólogo, é autor de "Batida do Caos" e "Nós na Garganta".
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Entre desejo e moral há um espaço. Terra dos ninguém onde habitam aqueles seres invisíveis que, só ali, vistos são. Só ali, onde não há a quebra do sigillum que sela a vergonha junto ao prazer e faz da desonra um querer.
Vez ou outra esses sujeitos são visitados por quem vive à superfície dos princípios —a terra dos alguém que, quando vão até os ninguém, procuram vida dupla, pois uma não basta. Uma, rígida, padronizada, presa a princípios inegociáveis e de distinta integridade, não basta. Há que se viver duplamente. Aventurar-se-ão, entre a introversão e o escárnio, os alguém até descobrirem a hipocrisia, desnudada e despercebida.
Na terra dos ninguém, as janelas sempre fechadas não permitem que penetrem os olhares desvirginantes da decência. Vão os que podem, ficam os impedidos de se endereçarem ao mundo que parece reluzir.
No oculto, festa e fogo. Os papéis não se invertem, queimam-se. Assim se forma outra sociedade: a sociedade do sigilo, terra de ninguém onde tudo —mas nem todos—........
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