Meu cinismo não se conforma, mas os sinais seguem aparecendo para mim
Henrique me escreve perguntando se acredito em Deus e numa vida "além disso tudo aqui".
Quando minha avó materna ficou doente e precisou ser internada, olhou para trás, triste, e se despediu da casa que demorou uma vida inteira para construir. Os filhos homens riram dela "que drama, você não vai morrer", o marido deu bronca, a vizinha balançou a cabeça. Eu nem vi a cena, só me contaram.
Dias depois da internação, ela foi informada que já estava bem, curada, e teria alta na manhã seguinte. Durante a madrugada, minha mãe sonhou que minha avó a levava a uma casa cheia de flores e dizia "eu agora moro aqui, não fique triste". Então minha mãe acordou, se vestiu, e me disse "sua avó morreu". Segundos depois, o telefone de casa tocou, ela tinha acabado de falecer.
Minha avó tinha um plano: morrer antes do meu avô. Se conheceram aos 13 anos, passaram mais de 50 anos juntos e ela me contava que rezava todas as noites pedindo a Deus: "Por favor, quero morrer antes dele". Meu avô tinha questões cardíacas e morreu 10 meses depois da minha avó.
Já escrevi várias vezes contando que fui uma criança mediúnica. Via um menino de camiseta azul na varanda de casa, um homem em uma moto no corredor, um cachorro de guarda na casa de praia de um amigo e uma idosa que se sentava a beira da minha cama. Eu não gostava, não queria ver, e implorei muito em minhas rezas para que as visitas parassem.
Nunca mais vi nada, mas uma centena de vezes passei mal e fui embora as pressas de........
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