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No meio da fuligem, vamos ter que aprender como enxergar espíritos do mundo invisível

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14.09.2024

Ante a admissão de Pablo Marçal de que surfa na idiotia, cabe perguntar se parte da Paulicéia está fora de si, ou desvairada para além dos versos modernistas de Mário de Andrade. A resposta comporta uma distinção entre idiota e bobo da corte, nisso ajuda a ópera "Rigoletto", de Verdi. Na corte de um Duque veneziano, Rigoletto, o bufão, não é nenhum parvo, mas alguém que sabe o que quer e, no caminho, combina intrigas com crime. Idiotas são os alvos de suas tramoias, exatamente como os seguidores de Marçal, por ele assim, aliás, referidos. Marçal está mais para Rigoletto do que para um microcéfalo bolsonarista.

É que o bobo da corte divertia por meio de verdades espirituosas, mas também incômodas, no que punha em risco o próprio pescoço. Era o avesso tolerado do rei. Agora, no universo paralelo das redes, sem centralização monárquica, desenha-se uma espécie de corte composta por financistas, empresários, evangélicos, gente do agronegócio e pacóvios "libertários", abertos à novidade de um esperto com pele de bobo.

Novidade em rede, e não ruptura, é o abre-te-sésamo da extrema direita. Troque-se o barrete pelo boné de Milei, a roupa de guizos por um terno ao gosto da Faria Lima e a botina por um........

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