A malbec chega aos 100
Sabe a história do ABC? Nos Estados Unidos, a sigla era usada para responder sobre o que se queria beber, "anything but chardonnay" (qualquer coisa menos chardonnay).
Depois foi a vez da malbec: a uva ficou tão popular ao redor do mundo que logo virou motivo de piada. De tão difundida, virou quase commodity, ficou padronizada e flácida, com a acidez lá embaixo e o corpo lá em cima. Mas, ao mesmo tempo que o mercado foi inundado com versões sem graça dessa uva que é tão querida por aqui, tem gente trabalhando para virar o jogo.
A ideia é se apropriar do que é comum no chamado Velho Mundo (a Europa) e vender o lugar em vez da uva, como é comum no Novo Mundo (Américas, África, Oceania). Assim, uma vez que a malbec é a estrela inquestionável da Argentina, melhor mesmo é vender as diferenças de terroir (solo, clima, altitude, exposição solar e práticas de cultivo).
Produtores da região de Vale de Uco, no sudoeste de Mendoza, na Argentina, adotaram a ideia francesa de crus, termo usado para indicar um grupo de vinhedos de alta qualidade, e hoje fazem grandes vinhos. É possível ver nas safras recentes da bebida, feita aos pés da cordilheira dos Andes, os efeitos do manejo cuidadoso e pensado a partir de diferenças de composição em cada pedaço de terra. Isso porque, em meados dos anos 2000, pesquisas científicas escanearam partes da região para decidir como seriam plantadas essas vinhas especiais.
Pode-se dizer que três vinícolas lideraram esse caminho, com duas abordagens diferentes: a família Catena Zapata apostou na altitude e sobe cada vez mais alto para fazer seus melhores vinhos; e........
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