Estudos que comprovam o que está na cara nos forçam a encarar injustiças da academia
Há algum tempo, me vi numa acalorada discussão com um renomado cientista brasileiro. O ponto de discórdia? Um artigo sobre diversidade na ciência que ele trouxera para o grupo. "Um desperdício de recursos", afirmou, categórico. "Qualquer pessoa com dois neurônios tiraria essas conclusões sem precisar de um estudo." Essa declaração me incomodou profundamente.
É frequente, na academia, nos confrontarmos com afirmações de que estamos apenas reafirmando o óbvio ao apresentar dados sobre temas sociais. No entanto, essas "verdades óbvias" costumam ser negadas quando se trata de reconhecer os impactos reais e sistêmicos. A ironia é palpável no discurso daqueles que afirmam a trivialidade de certos estudos, enquanto negam a existência de problemas se cobrados da necessidade de mudança. Mais do que uma ironia, é um paradoxo.
A ciência, essencialmente uma busca pela verdade, nos obriga a provar o que parece evidente, tendo um papel crucial em esclarecer a realidade. Não basta afirmar que algo é intuitivamente correto; é necessário demonstrá-lo com dados concretos e metodologias rigorosas para validar nossas intuições.
Tomemos a maternidade como exemplo. Estudos mostram consistentemente que mulheres que se tornam mães enfrentam desafios significativos em suas carreiras científicas. A produtividade pode diminuir nos primeiros anos de maternidade —o que raras vezes acontece com o pais—, enquanto as oportunidades de progressão muitas vezes se........
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