A estranha vida das plantas
As plantas são frequentemente vistas como organismos simples, estáticos, de comportamento trivial, que interagem com os humanos menos que os animais o fazem. Por isso, chama nossa atenção quando elas respondem: a dormideira, dorme-dorme ou não-me-toque (Mimosa pudica) é uma planta com folhas compostas que, quando tocada, fecha os folíolos imediatamente, num movimento reversível que crianças (e alguns adultos) adoram.
Também ficamos fascinados pela planta carnívora apanha-moscas (Dionaea muscipula), que fecha sua "boca" na extremidade das folhas para capturar insetos de maneira rápida quando algum pousa sobre elas. Mas são exceções: como os vegetais parecem passivos, julgamos que a vida de uma planta deve ser monótona. Essa percepção, no entanto, deriva da nossa pouca compreensão de como as plantas funcionam.
O crescimento vegetal é muito diferente do nosso: plantas produzem órgãos pós-embrionários ao longo de toda a vida. Nós, humanos, somos muito parecidos desde o útero até a vida adulta –em essência, temos os mesmos órgãos ao nascer, só que eles crescem. Praticamente não temos capacidade de regeneração: embora lesões menores cicatrizem, a perda de órgãos —um braço, uma perna— é irreversível. E por isso nos impressionamos com lagartos que substituem a cauda, com os polvos e seus tentáculos, ou até mesmo com a planária, um pequeno verme capaz de se regenerar por completo se cortado ao meio.
Já nas plantas, o embrião vegetal raramente tem semelhança com o indivíduo adulto — abra uma semente de feijão e você verá algo diferente de um pequeno feijoeiro. E, após a germinação, raízes, caules e folhas se desenvolvem continuamente: é como se as plantas produzissem novos braços, pernas, cabeças, constantemente. Mais: é fácil explorar essa capacidade para produzir clones vegetais — as mudas —, pois basta arrancar um ramo e podemos gerar um novo........
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