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Pornografia é a grande psicotecnologia dos nossos dias

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Neurocientista, professor livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e sócio do Instituto Locomotiva e da WeMind

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Eu sempre desconfiei da tese de que a meninada de 11 a 17 anos extrai das redes sociais todos os nutrientes necessários para a produção de sua dose diária de angústia digital. O que foi se tornando claro com o tempo é que parte da azáfama é consequência do fato de que mais de 40% desses jovens consomem ou "são expostos" à pornografia —um gênero em que um homem dá um tapa na cara de uma mulher e ela invariavelmente diz: "Quero mais".

O menino pensa na agressividade e potência necessárias para exercer esse papel e conclui: "Estou perdido". A menina pensa na tolerância para se submeter ao que mais lhe parece um estupro e conclui algo pior. Assim, toda uma educação sexual às avessas é colocada em curso.

O sexo como representação do poder de subjugar é a derradeira fonte da assombração digital, muito além da última dancinha do TikTok. Sua base é parcialmente ideológica: ao insuflar animosidades, o pornô trabalha a favor do neoconservadorismo, o qual se alimenta de dicotomias bem delimitadas e de representações estereotípicas, como a da mulher submissa.

Machosfera, incels, a série "Adolescência", tudo isso tem como pano de fundo o fantasma da pornografia, que adquire papel formativo sob a égide da mais extrema caretice.

Porém, é preciso não superestimar o papel moralizante das perversões nas dinâmicas de consumo midiático —nossos predecessores já mostraram como errar fazendo isso. Mais........

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