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Ou mudamos a Constituição ou o Brasil vai pro brejo!

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03.02.2025

Diz um velho ditado: mudam as moscas, a merda é a mesma, no caso de mudanças que não mudam nada. Há casos que nem mudam tanto as moscas, elas só fazem rodízio. 


Não querendo chamar de merda o Congresso Nacional, e nem de moscas os seus membros (uma boa parte seria mais comparável a chupins ou sanguessugas), torço o nariz para a composição das novas mesas diretoras (que nome!) do Senado e da Câmara dos Deputados, eleitas com apoio variado, de petistas a bolsonaristas. Davi Alcolumbre substituindo Rodrigo Pacheco, muda pra melhor? Ra-ra-ra... Hugo Motta presidente da Câmara dos Deputados, substituindo o não saudoso (como antecessor) Arthur Lira. O uso de verbas federais por esses deputados em suas “bases” diz tudo, não é?


Bolsonaristas têm um motivo óbvio para esse apoio: o Congresso está do jeito que eles gostam. Eu me lembro da época da Constituinte um grupo de amigos e eu discutíamos o que a gente gostaria que a nova Constituição tivesse, e quiseram me candidatar a deputado federal. Eu não tinha chance de ser eleito, mas e se desse uma zebra? Refuguei! Expliquei que numa eleição tem duas coisas ruins: uma é perder, a outra é ganhar. Perder é chato. Mas e se ganhasse? Teria que conviver com um monte de gente que eu achava escrota. Claro, teria os bons, mas muitos eram gente que eu nem cumprimentaria, e para aprovar qualquer coisa teria que conviver amigavelmente com eles. 


Hoje... que saudade! Aquela Câmara de Deputados! Minha lembrança, comparando com a grande maioria dos deputados atuais, é de uma turma excelente, muitos comprometidos com a criação de condições para o Brasil funcionar bem e crescer. E a Câmara era presidida por Ulysses Guimarães, que na época eu não achava ruim nem bom, e hoje acho incomparável com os últimos presidentes. Um excelente presidente da Câmara.


E os petistas, porque fazem parte disso tudo? Supondo que sejam melhores do que a maioria dali, tem a tal de governabilidade. Em nome dela, a ética vai pro brejo. Se não tiver apoio do Congresso, não se governa. Que o diga Dilma Roussef. Então acham (e parece que é) melhor tapar o nariz e se juntar à matilha.


Um parêntese aqui: isso é coisa antiga. Saturnino Braga, um dos políticos mais decentes que o Brasil já teve, foi eleito prefeito do Rio de Janeiro pelo PDT e tomou posse em 1º de janeiro de 1986 (foi pro PSB em 87), prometendo não aceitar nenhuma forma de corrupção, e cumpriu. Nada de propinas, de superfaturamentos e de licitações fraudulentas. Resultado: não conseguiu fazer nada, foi considerado o “pior prefeito” da cidade. Millôr Fernandes comentou mais ou menos assim: “Saturnino Braga representa a falência da ética”.


Bom, o que quero dizer é que do jeito que está, o Brasil está ingovernável por quem quer que seja, de qualquer partido. O toma lá-dá cá, que sempre funcionou na política brasileira, piorou: a grande maioria dos deputados e senadores só quer o “dá cá”, abandonaram o “toma lá”. O Legislativo mudou, não é mais pra legislar, quer tomar o papel do Executivo de forma piorada, com “direito” de usar o orçamento do governo à larga, sem ter que prestar conta. E aí vemos o que acontece com as emendas deles despejando dinheiro como querem: asfalto que se esboroa nas mãos, obras superfaturadas e inacabadas, dinheiro que não se sabe para onde vai. Claro que alguns destinam dinheiro para obras de verdade, que são executadas, mas mesmo nestes casos não é função deles, que, conforme diz o nome, é “legislar”. 


Alguém acha que o Congresso, com seus novos dirigentes, vai mudar isso? Topam regular as tetas que abocanharam?........

© Revista Fórum


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