Lixo, Lixa, Luxo - Por Luis Cosme Pinto
Oito sacos pretos empilhados na esquina confirmam: a noite no bar do seu Tibério apenas começou. São sacos grandes e cheios.
Vanessa está de olho neles e surge antes dos funcionários da limpeza. É boa de tato a Vanessa. Primeiro apalpa cada saco de lixo. Os dedos calejados “enxergam” o que é lata, garrafa, resto de comida, papel, canudo. Vanessa garimpa a sucata.
Numa mesa na calçada, um casal para de digitar seus celulares, interrompe também a degustação da picanha fatiada e do chope para perguntar ao garçom se ninguém vai impedir que a mulher suje a rua. O garçom não tem resposta e o casal volta à comilança.
Vanessa segue a trabalhar, já tem um saco repleto e ainda chucha outras latas e garrafas. Quando abarrota o segundo saco acomoda com cuidado em sua carroça, como um bem precioso, e vai embora nas sombras. Uma bandeira do Brasil tremula na parte de trás, onde também viaja um peludo vira-lata. O........
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