Hora marcada
Estamos no início da década de 1990. A atmosfera enfumaçada e o ruído nervoso dos teclados das máquinas de escrever indicam: falta pouco para o telejornal do horário nobre.
Repórter e editor sentam lado a lado. Na frente deles, uma folha branca aguarda, impaciente, as primeiras letras.
Isabel, mulher elegante e inteligente, ainda tem no blazer bege cheiro e cor de fuligem. Marcelo, jovem editor, conhecido pela agilidade, propõe a primeira frase.
- O incêndio começou às quatro horas da tarde.
- Vamos começar desta maneira?
- Sim, é mais direto e informativo.
- Não dá para ser mais criativo?
- Presta atenção: esse é o jornal mais tradicional da televisão brasileira, não vamos inventar.
- Por que não?
- Isabel, sou o editor e sei o que a chefia prefere.
- E eu sou a repórter e te garanto, nosso papel também é surpreender.
- Isabel, não complica já são mais de cinco horas.
- Eu tenho........
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