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Lula reage à cruzada dos EUA e se aproxima dos evangélicos

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tuesday

De congressos religiosos em Balneário Camboriú a cultos transmitidos de Osasco, a nova invasão evangélica dos Estados Unidos pretende moldar mentes, corações, votos e alianças. Por trás das orações, um projeto político transnacional ameaça contaminar o processo democrático brasileiro às vésperas das eleições de 2026. O que parecia um intercâmbio religioso inofensivo transformou-se num movimento calculado de ingerência espiritual e política. Pregadores norte-americanos — ligados à ultradireita cristã de Donald Trump — cruzaram o continente para proclamar no Brasil “profecias” sobre limpeza moral, libertação do país e renascimento espiritual.

Segundo investigação do Intercept Brasil, nomes como Christopher Beleke, Chantell Cooley e Guillermo Maldonado participam de eventos em cidades estratégicas, sempre acompanhados de políticos da extrema direita brasileira. Em Balneário Camboriú, Beleke anunciou que o Brasil “passará por uma limpeza como a de El Salvador”. Em outro culto, Cooley ajoelhou-se ao lado de Flávio Bolsonaro, transformando o gesto em cena viral de “unção política”.

Essa nova cruzada mistura teologia da prosperidade, guerra espiritual e discurso eleitoral. O evangelho é adaptado ao vocabulário do trumpismo: “salvar a nação”, “restaurar valores” e “expulsar o mal”. Por trás das palavras, esconde-se uma estratégia de influência ideológica e mobilização eleitoral planejada para operar nas bases evangélicas que hoje formam mais de um quarto do eleitorado brasileiro.

Com o desmonte da organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado em 2023, as direitas brasileiras atravessam o pior momento desde o impeachment de Dilma Rousseff. A campanha para as eleições presidenciais de 2026 está em pleno andamento, com as pesquisas apontando para a reeleição do presidente Lula. É justamente neste cenário que surge uma nova frente de batalha travada em nome de Deus.

O Intercept Brasil vem revelando em sucessivas reportagens a chegada de um grupo de pregadores evangélicos norte-americanos com a missão ambiciosa de repetir no Brasil a estratégia que ajudou a eleger e reeleger Donald Trump. Esses pregadores se articulam com pastores brasileiros de grande alcance midiático da chamada “nova onda neopentecostal”, interessada em ampliar poder político e influência econômica. A mensagem segue o mesmo roteiro usado nos EUA: uma mistura de fé, nacionalismo e anticomunismo, travestida de espiritualidade.

Nos Estados Unidos, a captura da fé pela política começou nos anos........

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