Finalmente há luar
Na subida da Rua da Aliança Operária, na Ajuda, em Lisboa, dois eléctricos jaziam espectrais no crepúsculo do dia do apagão. Estavam ali há horas. Quando a electricidade falhou, esses símbolos da tecnologia do final do século XIX falharam também. Como que a provar que as fragilidades da era da luz e do aço permanecem sem mudanças na era da Inteligência Artificial. O seu abandono no meio da rua invocava os cenários apocalípticos dos filmes. A vida desaparecera, só restaram silhuetas de ferro, vidro e aço. Não fossem os escassos carros de passagem a iluminarem-nos, os eléctricos assustavam como fantasmas.
Lisboa passara um dia ansioso e quando a noite se começou a instalar, adaptou-se. Estava calor e à falta de luz, os lisboetas foram buscar os grelhadores. Ainda era dia e colunas........
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