menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Sombras da Adolescência: a violência invisível e o machismo

12 3
02.04.2025

A situação ocorreu há seis meses numa bomba de gasolina em Trajouce, no concelho de Cascais. Pousei a mangueira de combustível e entrei no carro. Enquanto arrancava, vi um rapaz dar uma chapada numa rapariga. Ele colocou o capacete, ligou a scooter e arrancou. Ela exibia um sorriso desajeitado desde que levou a chapada, aquele sorriso que esconde lágrimas, que fazemos quando queremos chorar mas tentamos sorrir para disfarçar.

— O que é que foi aquilo? —, perguntei.

O que foi o quê? —, respondeu, colocando a mão na bochecha avermelhada.

Ele deu-te uma chapada.

Foi a brincar.

A brincar?! Olha, precisas de ajuda?

Não, não preciso de nada, foi a brincar —, insistiu enquanto colocava o capacete.

Tens a certeza? Eu vi que ele te bateu com força.

Ela ligou a scooter e foi-se embora.

Esta situação não está refletida nos números apresentados no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), que regista, em relação aos crimes de violência doméstica, menos 240 participações em comparação com 2023, uma diminuição pouco relevante dentro de um total de 30.221........

© PÚBLICO