Abro as notas do telemóvel onde colecciono coisas tão prosaicas como nomes de vinhos, frases que nascem da insónia, provérbios a não esquecer, uma palavra nova ou desabafos que, escritos, se diluem e não moram mais dentro de mim. Escrever é importante: um braço armado de emoções vividas. Tento não deixar nada por viver.

Vim lançar o meu novo livro ao Porto. O Porto é uma casa que conheço bem, mesmo que as ruas estejam agora cheias de gente que não é daqui. As ruas estão entupidas de gente que vê sem reparar e trazem-me alguma asfixia. Mas nem assim a beleza da cidade se dissipa.

Nas notas do telemóvel está a frase que, a dada altura, ficou gravada numa mensagem: as pessoas são os seus gestos. A frase foi uma espécie de fio que desenrolou um grande novelo, indo ao essencial: comecei a ver,........

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