Em 1942, no auge da Segunda Guerra Mundial, o compositor americano Aaron Copland escreveu Fanfare for the Common Man. A peça foi inspirada num discurso proferido pelo então vice-presidente dos Estados Unidos, Henry Wallace, intitulado The Century of the Common Man. Longe de glorificar elites ou generais, celebrava-se ali o papel silencioso — mas fundamental — dos cidadãos comuns na construção de sociedades livres. Era uma homenagem à dignidade anónima, à decência quotidiana. Hoje, quando essa decência é tantas vezes desvalorizada, vale a pena recordar que o vazio cívico raramente fica em silêncio: tende a ser ocupado por outras fanfarras.

Segundo Maquiavel, os homens ofendem por medo ou por ódio. Embora os tempos mudem, estas emoções continuam a marcar o exercício........

© PÚBLICO