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Na escola da vida, acabou-se o recreio 

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07.03.2025

O encontro entre o Senhor Zelensky e o Senhor Trump, este acolitado pelo Senhor Vance e o outro pelos olhos do mundo, terminou da melhor maneira para todos a quem a discussão realmente interessava.

O Senhor Trump afirmou o seu estatuto de líder ocidental, repetiu de maneira brutal e aplicada à prática o que o Senhor Vance tinha dito em Munique. O seu ponto resume-se em dois: 1) a América está a discutir um assunto de adultos e ao fim de três anos já não há lugar para a miudagem da Europa continuar a fazer de conta que ajuda – com as suas maneiras amaricadas, os seus calções mijados e as calças do senhor Trump; 2) o Senhor Zelensky tem de perceber que está rodeado dos panhonhas continentais e do Senhor Starmer, essas educadas criaturas amigas dos chihuahuas que o deixarão sumir-se heroicamente e tão devagar quanto possível. O Senhor Zelensky tem de perceber que a Europa continua a tê-lo na conta de entertainer, agora com a missão de empatar o Senhor Putin o mais que puder – até que o Senhor Putin se dê por saciado e decida adormecer na contemplação das ruínas de Kiev, ao menos durante algum tempo, sentado sobre uma pilha de mortos russos e ucranianos.

O Senhor Trump foi o primeiro grande vencedor daquela discussão horrível. A má educação e a brutalidade são o seu estilo, não se intimida nem envergonha. Não tem dúvidas existenciais e sabe muito bem o que quer, percebeu há muito que no jogo político a razão está, frequentemente, do lado de quem chega primeiro. O seu palco é muito maior do que a cozinhada Senhora von der Leyen, o que está em jogo é mais sólido do que as tampinhas de plástico inseparáveis da garrafa mãe.

O Senhor Zelensky foi o segundo grande vencedor da discussão na Sala Oval. Não saiu humilhado, saiu pelo seu pé e com os seus metais raros ainda intactos. A sua paciência olímpica e o silêncio com que deixou os Senhores Vance e Trump falarem foram impressionantes e eram para ser vistos por todo o mundo. E foram. Sabiam todos que aquelas imagens correriam todas as televisões, nenhum se deixou levar pelas emoções. O papel do Senhor Zelensky era aquele, despertar mais respeito, mais admiração, e ver adicionada à sua dieta de boas vontades a compaixão basbaque das moças europeias e do Senhor Costa. O Senhor Zelensky tem uma vocação inexcedível para personagem, e a que agora interpreta sabe-lhe bem. Começou espontânea e com a mesma impetuosidade com que os russos o atacaram, nos dias seguintes foi aplaudida com entusiasmo pela audiência ocidental e ele próprio reconheceu que tinha jeito, agora está colada à sua pele com a mesma irreversibilidade das camisolas militares que usa em todos os momentos da sua vida pública.

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O Senhor Putin foi o........

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