Ginjal: vamos continuar a ignorar o património?
Quando penso no Ginjal – para leitores de outras geografias: situado em Cacilhas, Almada – lembro-me bem das vezes recentes em que percorri aquele espaço singular, absorvendo a força histórica ainda presente nas ruínas dos estaleiros navais, das antigas fábricas emblemáticas e nos poucos restaurantes que conseguiram resistir ao tempo. Este local único, com uma vista privilegiada sobre Lisboa, continua a ser um símbolo evidente do enorme potencial de Almada. Até há poucos dias, sempre que regressava ao Ginjal – agora, e bem, interditado por questões de segurança – impressionava-me sobretudo o contraste gritante entre a riqueza de um passado não tão distante e o abandono profundo que hoje domina aquele cenário, consequência direta de décadas de descuido institucional.
Na minha opinião, este abandono não é apenas um problema local, mas um reflexo recorrente do modo como Portugal encara o seu património histórico: mais como um incómodo do que como uma oportunidade. O Ginjal tornou-se um caso paradigmático da burocracia paralisante e da inércia que envolvem........
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