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Adília

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06.01.2025

A primeira memória que tenho da Adília Lopes é num programa do Herman José. Isto passou-se nos anos 90, creio, em que Portugal tinha uma baliza cultural em que um poste era o mencionado Herman e o outro era o Miguel Esteves Cardoso. O poste Herman era mais popular e imediatamente punha na língua do povo as melhores rábulas do humorista. O poste Miguel Esteves Cardoso era menos acessível, mais intelectualizado e oferecia alívio aos antigos excessos francófonos e de esquerda. Acertar na baliza implicava um discurso com cópula e calão (a cocaína não interessa agora). É neste contexto atravessado que uma escritora como a Adília podia aparecer no prime time — tinha palavrões e sugestões sexuais para oferecer, provavelmente a única janela de literatura que o Herman conseguia abrir. Não foi a estreia mais inspiradora mas foi assim que a conheci. Como eu não era muito mais culto do que o Herman, por aí fiquei.

Anos mais tarde, nos anos de 2000 e 2001, fiz um estágio na Sociedade Bíblica de Portugal. A SBP estava então na Rua José Estêvão, perto do Jardim Constantino, zona alargada da Estefânia. Dois pontos culturais cardeais marcavam aquele bairro: a livraria da Assírio & Alvim na Rua Passos Manuel, em........

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