Ensino profissional em crise?
Apesar de os sucessivos governos afirmarem a intenção de valorizar o ensino profissional, os dados mais recentes indicam uma queda do número de alunos matriculados. Além disso, a escolha dos cursos, levanta uma questão: estarão os jovens a escolher os cursos certos para responder aos desafios do mercado de trabalho e aceder a melhores oportunidades salariais?
Na minha opinião e pelos dados de que disponho, o ensino profissional continua marcado por um estigma social persistente e por um desalinhamento estrutural entre as qualificações efetivamente requeridas pelo mercado de trabalho, a oferta disponibilizada pelas entidades formadoras e as decisões educativas tomadas por alunos e respetivas famílias
Testemunho, enquanto professora e vice-presidente de uma associação com relevante experiência em aproximar o tecido empresarial e as instituições de ensino, muitas situações que ilustram esta realidade. Observo desde preconceitos dos familiares, dos jovens e dos professores até à desinformação nas próprias instituições de ensino.
Uma aluna confidenciou-me que os familiares e amigos insistiram para não optar por um curso profissional — “esses cursos são para os burros”, disseram-lhe. Este tipo de comentário continua a ser comum, refletindo uma visão desatualizada e injusta sobre este tipo de formação que deveria ser valorizado. Nas salas de professores, também se perpetuam ideias semelhantes: os alunos sem sucesso no ensino regular são frequentemente vistos como os “candidatos naturais” ao ensino profissional, como se este fosse um caminho de segunda escolha.
Os professores, por sua vez, mostram resistência em lecionar estas turmas, apontando a indisciplina e a desmotivação como um problema generalizado. Por outro lado, os diretores de curso, incumbidos........
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