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A Desvalorização do Esforço 

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20.04.2025

A Rosa vive na Margem Sul, é mãe solteira de dois filhos, um com 8 anos e outro com 15.

Acorda todos os dias às 5h30m para preparar as refeições e a roupa do filho mais novo. Às 6h30m, já está a caminho de Lisboa onde trabalha como empregada doméstica numa casa de família. O filho mais velho, de 15 anos, é responsável por levar o irmão à escola, mas os atrasos são frequentes. A Rosa tenta coordenar tudo por telefone, mas nem sempre consegue. Já foi chamada à escola devido às faltas do filho, mas não pode fazer nada.

Entre as 16 e as 19h, tem mais dois turnos de trabalho e regressa pelas 20h30m a casa. Aos sábados ainda trabalha no café do bairro onde reside para complementar o orçamento familiar, pois “todo o dinheiro faz falta”, explica.

Recentemente, o filho de 15 anos pediu à mãe um iPhone de presente de aniversário, porque todos os amigos têm um. A Rosa, por sua vez, questiona-se: como é possível que algumas das famílias dos amigos do filho que vivem com apoios sociais consigam oferecer bens tão caros aos filhos?

Enquanto professora do ensino público, testemunho frequentemente situações semelhantes à descrita anteriormente. Estas questões são, muitas vezes, comentadas em tom discreto na sala de........

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