Nos últimos anos, tem-se manifestado um desejo crescente por parte de setores do eleitorado de direita pelo regresso de Pedro Passos Coelho à vida política ativa. Mais do que uma mera questão de estratégia eleitoral, este fenómeno reflete dinâmicas sociais profundas dentro da direita portuguesa e da própria sociedade. Este artigo propõe uma abordagem sociológica a esse anseio, analisando-o à luz da transformação das classes sociais, das mudanças na identidade política da direita e da perceção da crise do sistema político.

A política moderna é marcada pela volatilidade e pela fragmentação ideológica, e a direita portuguesa não é exceção. O crescimento do Chega e a reconfiguração do espaço da direita trouxeram instabilidade à identidade tradicional deste eleitorado. Pedro Passos Coelho surge, neste contexto, como uma figura que representa uma “ordem perdida” – um líder que, para muitos, simboliza coerência, disciplina e um projeto político bem definido.
A sociedade portuguesa tem vivido anos de crescente desconfiança nas instituições e nos partidos tradicionais. O eleitorado que pede o regresso de Passos Coelho vê nele um político que, apesar das medidas duras do seu governo, não foi envolvido em escândalos de corrupção e manteve uma........

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