Quem deve ter medo do almirante?
A oligarquia ainda não conseguiu acertar no que deve dizer sobre a candidatura do almirante Gouveia e Melo. A primeira inclinação foi para provocar alergias à farda. O almirante, disseram-nos com muito nojo, seria o regresso dos militares à política, quarenta e três anos depois da revisão constitucional e da Lei de Defesa Nacional de 1982. Tem algum fundamento? Não. Gouveia e Melo é almirante, mas não representa as forças armadas, como representavam o general Carmona em 1928 ou o general Eanes em 1976. Não se candidata como chefe militar, escolhido entre os chefes militares. Não houve há dois anos, como em 1926 ou em 1974, um movimento militar que tivesse deixado o poder político nas mãos dos comandos das forças armadas.
A farda de Gouveia e Melo não é sinal de que os tanques estão na rua: indica apenas a sua profissão. O almirante, a ser eleito, não será um presidente militar como Carmona ou Eanes, mas o primeiro presidente, neste........
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