Lisboa: depois da tragédia, a farsa
Depois da tragédia, a farsa. A tragédia foi o desastre do elevador da Glória, os mortos e feridos. A farsa foi proporcionada pela classe política. Não, não falo das exigências de explicações e de apuramento dos factos: tudo isso compete aos políticos. Falo do debate sobre a demissão do presidente da câmara de Lisboa, a um mês de eleições. Se isso não é o que se chama “aproveitamento político”, não sei o que é.
Quando abandonou o governo depois da queda da ponte de Entre-os-Rios, Jorge Coelho criou inadvertidamente a lenda de que, sempre que há um desastre, a “demissão” é a única opção digna de um governante, o modo adequado de reconhecer a sua “responsabilidade política”. Ficou a ser, desde aí, a primeira coisa que as oposições exigem e com que o jornalismo especula. Faz sentido? Não. Perante um acidente, a responsabilidade de um governante é acorrer às vítimas e minorar as consequências; é esclarecer........
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