Joana Marques no país dos absurdos
Há histórias que resumem uma época. É o caso do processo que levou Joana Marques ao tribunal. Um dia, alguém o estudará para perceber como éramos absurdos em 2025. O julgamento começa por pressupor esta coisa bizarra: não devemos rir-nos à custa dos outros. Mas então devemos rir do quê? Das pedras e das flores? As pessoas sempre se riram à custa de outras pessoas, das suas fraquezas e dos seus fracassos. O humor sempre teve algo de ousado, de “desagradável”. Sem isso, nunca houve humor.
Não é só o humor que está em questão, se o tribunal reconhecer que uma piada justifica uma indemnização por perdas de rendimento. Pensem na crítica – de livros, de filmes, de espectáculos, de restaurantes. Algum crítico poderá ficar à vontade se Joana Marques for condenada? O crítico escreve que o livro não presta, e eis o autor do livro, confortado pelo precedente aberto por este julgamento, a pedir uma indemnização ao crítico pelas vendas que........
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