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Entre Milei e o muro de Berlim  

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30.06.2025

A Iniciativa Liberal está perante uma decisão estrutural: quer ser parte de um movimento europeu que redefine a liberdade no século XXI ou será apenas mais uma linha na história do populismo de mercado? Esta pergunta é prática, urgente e política. E o seu nome, neste momento, é Javier Milei.

A ascensão do presidente argentino tem sido usada como argumento de autoridade por sectores que, à procura de inspiração, encontraram num economista performativo e num governo de choque fiscal aquilo que julgam ser a encarnação de um liberalismo autêntico, cru, sem travões. Mas o que Milei oferece não é uma renovação do liberalismo. É a sua distorção. Não é a resposta liberal à decadência do Estado social latino-americano, mas sim o seu espelho invertido, igualmente distorcido, igualmente dogmático.

Em nome da disciplina orçamental, Milei fez o que muitos à direita sempre desejaram: paralisou o Estado. Mas fê-lo com o impacto de um sismo: suspendeu obras públicas, cortou brutalmente os apoios sociais, desacelerou a ciência, reduziu o ensino superior ao silêncio e empurrou reformados para a indigência. A inflação caiu, sim. O défice foi contido, também. Mas a que preço? Um liberalismo sério tem de responder a esta pergunta sem se esconder........

© Observador