Marcelo nunca dará posse a Pedro
Pode fazer-se a rodagem de um citroën BX, o Messias descer à Terra e até o Espírito Santo, o divino, ser cliente da Spinumviva que há uma certeza: há um Pedro a quem Marcelo Rebelo de Sousa nunca dará posse como primeiro-ministro. E esse Pedro não é Pedro Nuno Santos, mas Pedro Passos Coelho.
O Presidente da República desenvolveu uma teoria, muito pessoal — à margem da Constituição, mas em sintonia com o senso comum — em que os portugueses no momento em que vão às urnas em legislativas não votam em deputados, mas no candidato a primeiro-ministro que cada partido apresenta. Um fenómeno a que Marcelo chamou, na maioria absoluta de Costa, de “personalização do voto”. Disse então o Presidente: “Deram a maioria absoluta a um partido, mas também a um homem”.
Ora, a personalização de que falava Marcelo em 2022 não só se mantém, como se agudizou nas últimas eleições (em 2024), numa tendência que se agravará nas próximas. A campanha de maio não vai tanto ser sobre o PSD, o PS ou o Chega. Mas sobre Montenegro, Pedro Nuno ou Ventura.
Marcelo Rebelo de Sousa não se comprometeu ainda com aritméticas, mas já deixou passar nas entrelinhas que só aceitará empossar uma figura que tenha sido submetida ao voto popular. O Presidente pediu, no discurso de dissolução, que se evitassem situações de confronto que pudessem “conduzir a becos, de natureza pessoal e ética, que não têm saída, que não sejam as eleições.” A frase não é inocente: Marcelo está a firmar que, se a solução de estabilidade só for possível com outros líderes — que não os protagonistas da campanha —........
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