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A terceira mão do Chega e um Bloco à Trump

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29.01.2025

Na tragicomédia que foi a última semana da política portuguesa já se explorou muito a parte da comédia. A esquerda e o centro-direita regozijaram-se com graças como o Chega ter muita bagagem, de passar de ter muitos trolls para ser um partido com excesso de trolleys e de apesar de Ventura apoiar Trump, Miguel Arruda preferir ficar Kamala (o que até deu flyer digital da IL). Já a direita diverte-se com o facto de o Bloco de Esquerda estar a fazer jornadas parlamentares sobre direitos laborais, num caso onde a piada se faz sozinha. Arrumada que está num parágrafo toda a comicidade inerente às situações inusitadas, vamos então à parte trágica.

Começando pelo Chega, André Ventura não tem culpa do que o seu deputado alegadamente fez. Mas tem um legado, que é da sua responsabilidade, de chamar ladrão a tudo e a todos por bem menos. Ainda no último debate do Orçamento do Estado na generalidade disse que o Governo de Montenegro era “tão ladrão” como o de Costa. Ainda durante o Governo PS, no regresso dos quinzenais em outubro de 2023, falou de uma “terceira mão” do Executivo de Costa que estava “sempre a gamar os portugueses todos dias”. Isto para não falar que também lhe podem ser atribuídas culpas no, por vezes, desastroso recrutamento de quadros do partido, como provam os casos de funcionários, autarcas e até deputados já condenados pela justiça.

Miguel Arruda traz a Ventura problemas graves de gestão da comunicação. Perante um caso com indícios tão fortes, a ideia de que o Chega é um partido diferente — e que no centrão é que estão os corruptos e os ladrões — fica mais difícil de vender para fora. A André Ventura passa a ser muito difícil fazer o gesto do “gamanço” e rodar caprichosamente os cinco dedos em pleno hemiciclo depois de um deputado do Chega ter sido........

© Observador