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O tsunami “Deepseek”

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05.02.2025

Nos últimos anos, as gigantes tecnológicas dos Estados Unidos, em estreita colaboração com os mercados financeiros, têm vindo a executar uma estratégia para criar um “cluster fechado” de inteligência artificial (IA) generativa. A lógica é simples: garantir todo o ciclo de desenvolvimento da IA num ecossistema unificado, desde o hardware até às aplicações finais, de forma a controlar o mercado e dificultar a entrada a potenciais concorrentes.

Na base da pirâmide, encontram-se os principais fabricantes de semicondutores, como a Nvidia, a AMD ou a Intel, responsáveis por produzir chips de alto desempenho supostamente necessários para alimentar o treino dos grandes modelos de linguagem (os famosos “LLM”). Logo acima, posicionam-se poderosas plataformas de cloud como a AWS (da Amazon), Azure (da Microsoft) e Google Cloud, que disponibilizam infraestruturas escaláveis e serviços de computação a clientes em todo o mundo. No topo, emergem os modelos e aplicações de IA propriamente ditos, desenvolvidos por empresas como a OpenAI (em estreita ligação com a Microsoft), a Google (incluindo a DeepMind), a Meta (com o seu Llama), a IBM (via Watson) e outras entidades (como é o caso da Anthropic). A par disto, vários gigantes tecnológicos, como a Oracle ou a Salesforce, posicionam-se junto do cluster para ter acesso privilegiado à integração de serviços de IA nos seus produtos corporativos.

O cluster está a ser desenhado para oferecer, na perspetiva do utilizador, soluções integradas e de fácil utilização, pois é na solidez da usabilidade que está a pedra de toque da estratégia desenhada: soluções fiáveis, pensadas para escalar o uso e permitir, pelas barreiras à entrada, criar um mercado homogéneo onde apenas alguns podem operar. Tudo parecia correr bem, e ainda no início do mês de Janeiro a mensagem que foi sendo passada ao mercado foi a de que só grandes investimentos – de largas centenas ou milhares de milhões de dólares – permitirão assegurar competitividade, sinalizando-se desta forma ser inviável a ascensão de concorrentes independentes ou de geografias menos favorecidas em termos de poder económico.

Perante esta aparente inevitabilidade, os investidores têm olhado para as grandes........

© Observador