“Anime” sem Alma
Nas últimas semanas assistimos a uma invasão das redes sociais por imagens ao estilo “anime”, produzidas através da mais recente funcionalidade do Chat GPT (versão 4.0). Este fenómeno não se limitou a ser um epifenómeno de massas, ao estilo das “modas” da internet. Por exemplo, em Portugal, vários políticos aderiram rapidamente a esta tendência, partilhando versões animadas das suas próprias imagens em redes sociais, numa clara tentativa de explorar o fascínio pela novidade tecnológica.
Esta súbita popularidade evidencia um aspeto recorrente da nossa relação com a tecnologia: o deslumbramento imediato por aquilo que é novo e aparentemente simples, muitas vezes sem reflexão sobre as suas implicações mais profundas.
Desde logo, fazendo tábua rasa a um dos maiores problemas associado à IA: a utilização não autorizada de informação proprietária no pré-treino de modelos de IA de finalidade geral. Estes modelos, como o Chat GPT, são frequentemente treinados com enormes quantidades de dados, muitos deles protegidos por direitos de autor. E se, como indica Ethan Mollick, existem diferenças jurídicas substanciais entre países (por exemplo, o Japão considera que treinar modelos de IA não constitui uma violação dos direitos de autor, não sendo por isso inocente que a moda viral utilize o estilo do nipónico “Studio Ghibli”), vale a pena refletir, além da lei, e perguntar até onde queremos sacrificar, em prol........
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