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Huxley, IA, e um saudosismo latente

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28.05.2025

Tenho um fascínio pelo saudosismo—não vou mentir. Apesar das inúmeras comodidades e facilitismos aos quais temos acesso hoje em dia, não consigo deixar de crer que pagamos um preço alto por eles.

Estava hoje a refletir, enquanto observava uma borboleta pousada numa flor, sobre quando é que observar banalidades destas se tornou uma raridade. Um ato de consciente foco no presente. Cheguei à conclusão que deve ter sido mais ou menos na mesma altura que lidar com o aborrecimento se tornou um ato de resistência pacífica.

Quase todos os dias penso que parece que estamos a viver os momentos imediatamente anteriores à instauração de uma distopia, sobre os quais escritores e realizadores tanto dissertaram e nos avisaram em livros, filmes e séries. Sempre conectados, e ansiosos quando desligados. Às vezes, com mais fé nos nossos dispositivos eletrónicos do que em nós próprios.

Na semana passada comecei um curso em Inteligência Artificial Generativa. Na minha tentativa relutante de me adaptar às inovações que estão a transformar o mundo, assustei-me com o mundo que aí vem—pelo menos durante as 3h que a aula durou. É que depois disso subscrevi a versão paga do ChatGPT por sugestão do formador, e admito que é realmente fascinante. Torna-se fácil ignorar a intrusão um tanto desconcertante da........

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