Há quem sonhe com o país certo no Excel errado. E há quem julgue que, com o ReCAP, a alma da Administração Pública se organiza por células de tal programa — como se o entusiasmo se medisse em percentagens de proficiência.

Nasceu assim o ReCAP — Referencial de Competências da Administração Pública. Um documento sério, estruturado, com cores, eixos e categorias, concebido para profissionalizar e modernizar o serviço público português. Nada contra. Antes pelo contrário. Mas, como dizia um cliente meu, com a sabedoria de quem nunca leu o Diário da República: “Quem só tem martelo, vê pregos em todo o lado”. E parece que, na Administração Pública, temos cada vez mais martelos: grelhas, frameworks, roadmaps e, agora, competências nucleares e transversais meticulosamente alinhadas por níveis de proficiência.

O ReCAP é, em teoria, um instrumento nobre. Pretende identificar o que é realmente importante no desempenho de quem serve o Estado. Fala-se de liderança, de ética, de foco no cidadão, de inovação, de........

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