menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Urgências: inevitabilidade e irresponsabilidade

5 8
26.05.2025

As urgências hospitalares portuguesas voltam a fechar. De forma não programada, imprevista, descoordenada. De norte a sul do país, multiplicam-se comunicados de última hora, remendos operacionais e notícias em tom de calamidade. Os cidadãos sentem-se perdidos; os profissionais, exaustos. E, mais uma vez, fingimos que fomos apanhados de surpresa.

A verdade, porém, é outra: o que está a acontecer é o previsível desfecho de uma crise estrutural que há muito vem sendo ignorada ou mascarada com soluções superficiais. A escassez de médicos, frequentemente referida como a principal razão para o encerramento das urgências, é real. Mas seria redutor não reconhecer que o défice de enfermeiros e de outros profissionais também é crítico — e, ainda assim, menos visível. A sua ausência raramente fecha portas, mas põe em causa a segurança e a qualidade da resposta.

O problema é estrutural e não conjuntural. E estrutural é também a falta de coragem política para enfrentar a questão com seriedade, realismo e visão de longo prazo. Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, disse-o com clareza: “vão ser precisos muitos anos de políticas continuadas para reter mais recursos humanos no........

© Observador