Santa Maria: o alarme que o SNS não pode ignorar
O caso recentemente noticiado no Hospital de Santa Maria, envolvendo suspeitas de práticas irregulares no contexto da produção acrescida financiada pelo programa SIGIC, tornou-se um catalisador de indignação pública. Mas, se não formos além da espuma dos dias, rapidamente voltaremos a um ciclo vicioso: condenações morais, investigação, silêncio. E nada muda.
O problema do SNS não está apenas em Santa Maria. Está em muitos hospitais, centros de saúde e estruturas intermédias onde, por ausência de mecanismos de controlo interno eficazes, as organizações vivem à mercê de ciclos orçamentais, pressões assistenciais e modelos de gestão desajustados à complexidade que enfrentam. Há demasiadas zonas cinzentas no funcionamento do sistema, e não basta boa vontade para as iluminar — é preciso método.
O país não precisa de mais relatórios a denunciar o desperdício em saúde. Precisa de coragem para o enfrentar com instrumentos adequados. O desperdício, que muitos estimam entre 20 a 25% da despesa pública em saúde, não é um fenómeno acidental. É o resultado previsível de uma gestão sem controlo em tempo útil, sem incentivos........
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