Rendimento disponível ou desenvolvimento económico
Com o aproximar das eleições legislativas e o inevitável desfile de promessas, voltamos a ouvir a velha narrativa socialista: melhorar a vida dos portugueses é, afinal, aumentar-lhes o rendimento disponível. Mas será que esta lógica resiste à análise? Será que as famílias portuguesas beneficiam realmente de políticas públicas que mexem marginalmente no consumo, ignorando as estruturas produtivas, o investimento e a produtividade?
Tomemos como exemplo o famoso “IVA zero” nos produtos alimentares. Medida populista por excelência: simples de comunicar, emocionalmente apelativa e aparentemente eficaz. Mas basta um olhar atento – ou um estudo técnico básico – para perceber que o impacto no bolso do cidadão é residual e temporário. Os dados do INE e as análises do Banco de Portugal são claros: o efeito na inflação foi modesto e a sua reversão tenderá a ser absorvida sem qualquer ganho estrutural. A quem serviu esta medida? Ao consumidor? Pouco. Ao Estado? Perdeu receita.........
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